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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

ELOGIO AO AMOR



Quero fazer o elogio do amor puro.
Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.
Já ninguém quer viver um amor impossível.
Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito.
Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito.
Porque faz sentido.
Porque é mais barato, por causa da casa.
Por causa da cama.
Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passível de ser combinado.
Os amantes tornaram-se sócios.
Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.
O amor transformou-se numa variante psico-socio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível.
O amor tornou-se uma questão prática.
O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores.
O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor.
É essa a beleza.
É esse o perigo.
O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes.
Tanto pode como não pode.
Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária.
A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém.
Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. É durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha – é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder.
Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.

Miguel Esteves Cardoso

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

FLORES RARAS


Conta-se que havia uma jovem que tinha tudo, um marido maravilhoso, filhos perfeitos, um emprego que lhe rendia um bom salário e uma família unida. O problema é que ela não conseguia conciliar tudo.
O trabalho e os afazeres lhe ocupavam quase todo tempo e ela estava sempre em débito em alguma área. Se o trabalho lhe consumia tempo demais, ela tirava dos filhos, se surgiam imprevistos, ela deixava de lado o marido. E assim, as pessoas que ela amava eram deixadas para depois até que um dia, seu pai, um homem muito sábio, lhe deu um presente: Uma flor muito rara, da qual só havia um exemplar em todo o mundo. A jovem ficou muito emocionada, afinal a flor era de uma beleza sem igual.
Mas o tempo foi passando, os problemas surgiam, o trabalho consumia todo o seu tempo, e a sua vida, que continuava confusa, não lhe permitia cuidar da flor. Ela chegava em casa, e as flores ainda estavam lá, não mostravam sinal de fraqueza ou morte, apenas estavam lá, lindas, perfumadas. Então ela passava directo.

Até que um dia, sem mais nem menos, a flor morreu.

sábado, 27 de agosto de 2011

A PARÁBOLA DA VERDADE


Um dia, a Verdade andava visitando os homens sem roupas e sem adornos, tão nuas como o seu nome. 
E todos que a viam viravam-lhe as costas de vergonha ou de medo e ninguém lhe dava as boas vindas.
Assim, a Verdade percorria os confins da Terra, rejeitada e desprezada.
Uma tarde, muito desconsolada e triste, encontrou a Parábola, que passeava alegremente, num traje belo e muito colorido. 
- Verdade, porque estás tão abatida? - perguntou a Parábola.
- Porque devo ser muito feia já que os homens me evitam tanto!
- Que loucura! - riu a Parábola - não é por isso que os homens te evitam.
Toma, veste algumas das minhas roupas e vê o que acontece.
Então a Verdade pôs algumas das lindas vestes da Parábola e, de repente, por toda à parte onde passava era bem vinda.
- Pois os homens não gostam de encarar a Verdade nua; eles a preferem disfarçada.


“A verdade dói”, prega acertadamente o ditado popular. Só que nem todas as verdades são dolorosas. As palavras usadas para descrever uma qualidade real e positiva massageiam qualquer ego. Mas é preciso ter cuidado para não confundir verdade com elogio, e sinceridade com ofensas.


Logo, muitas vezes, a verdade é uma mentira balsâmica: um consolo para suportar a realidade em carne viva.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

LENDA ARABE

"Diz uma lenda arabe que dois amigos viajavam pelo deserto
e em um determinado ponto da viagem discutiram.
Um esbofeteou o outro.
O ofendido, sem nada a dizer, escreveu na areia: HOJE, MEU MELHOR AMIGO ME BATEU NO ROSTO.
 

Seguiram viagem e chegaram a um oasis,

onde resolveram tomar banho.

O que havia sido esbofeteado começou a afogar-se
sendo salvo pelo amigo.
Ao recuperar-se pegou um estilete e escreveu numa pedra:

HOJE, MEU MELHOR AMIGO SALVOU-ME A VIDA.


Intrigado, o amigo perguntou:


-Por que depois que te bati,

tu escreveste na areia e agora escreves na pedra?
Sorrindo, o outro amigo respondeu:
-Quando um grande amigo nos ofende,
devemos escrever na areia, onde o vento do
esquecimento e do perdão se encarrega de apagar,
porem quando nos faz algo grandioso, devemos gravar
na pedra da memoria do coração, onde vento nenhum
do mundo podera apagar ..."

Autor Desconhecido

domingo, 31 de julho de 2011

LENDA DO ORIENTE


Conta uma lenda popular do Oriente que um jovem chegou a beira de um oásis junto a um povoado, aproximou-se de um velho e perguntou-lhe:
“Que tipo de pessoa vive neste lugar?”
“Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem?”, perguntou por sua vez o ancião. “Oh, um grupo de egoístas e malvados.”, replicou o rapaz. “Estou satisfeito de haver saído de lá.”
A isso, o velho replicou: “A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui.” No mesmo dia, um outro jovem se acercou do oásis para beber água e vendo o ancião, perguntou-lhe:
“Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem?” O rapaz respondeu: “um magnífico grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las.” “O mesmo encontrará por aqui.”, respondeu o ancião.
Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao velho: “Como é possível dar respostas tão diferentes a mesma pergunta? Ao que o velho respondeu:
“Cada um carrega no seu coração o meio em que vive. Aquele que nada encontrou de bom nos lugares onde passou, não encontrará outra coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui, porque, na verdade, nossa atitude mental é a única coisa na nossa vida sobre a qual podemos manter o controle absoluto.

A CARROÇA


Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me para dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer.
Após algum tempo, ele se deteve numa clareira e, depois de um pequeno silêncio, me perguntou:
- Além do canto dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:
- Estou ouvindo um barulho de carroça.
- Isso mesmo – disse meu pai – e é uma carroça vazia!
Perguntei a ele:
- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
- Ora – respondeu meu pai – é muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz.
Tornei-me adulto e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando (no sentido de intimidar), tratando o próximo com grosseria inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e querendo demonstrar ser o dono da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo:
- Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O PEQUENO PRÍNCIPE

"Tu não és para mim senão uma pessoa inteiramente igual a cem mil outras pessoas. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo..."


E foi então que apareceu a raposa:

- Bom dia, disse a raposa.

- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.

- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...

- Quem és tu? Perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...

- Sou uma raposa, disse a raposa.

- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...

- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.

- Ah! Desculpa, disse o principezinho.

- Após uma reflexão, acrescentou:

- Que quer dizer “cativar”?

- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos d uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

...Mas a raposa voltou a sua idéia.

- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo, que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
E a raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:

- Por favor... cativa-me! Disse ela.

- Bem quisera, disse o principezinho, mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.

- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

- Que é preciso fazer? Perguntou o principezinho.

- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mau-entendidos. Mas, a cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.

- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração...É preciso ritos...

... Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

- Ah! Eu vou chorar.

- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...

- Quis, disse a raposa.

- Mas tu vais chorar! Disse o principezinho.

- Vou, disse a raposa.

- Então, não sais lucrando nada!

- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:

- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.

Foi o principezinho rever as rosas:

- Vós não sois absolutamente iguais a minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativaste a ninguém. Sois como era minha raposa. Era uma igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Agora ela é única no mundo.

E as rosas estavam desapontadas.

- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é porém mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob uma redoma. Foi a ela que eu abriguei com o paravento. Foi dela que eu matei as larvas ( exceto duas ou três borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.

E voltou, então, à raposa:

- Adeus, disse ele...

- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

-Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que fez tua rosa tão importante.

-Foi o tempo que perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho a fim de se lembrar.

- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não deve esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...

- eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.


"Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante"

O Pequeno Príncipe

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O MITO DA CAVERNA

SÓCRATES – Figura-te agora o estado da natureza humana, em relação à ciência e à ignorância, sob a forma alegórica que passo a fazer. Imagina os homens encerrados em morada subterrânea e cavernosa que dá entrada livre à luz em toda extensão. Aí, desde a infância, têm os homens o pescoço e as pernas presos de modo que permanecem imóveis e só vêem os objetos que lhes estão diante. Presos pelas cadeias, não podem voltar o rosto. Atrás deles, a certa distância e altura, um fogo cuja luz os alumia; entre o fogo e os cativos imagina um caminho escarpado, ao longo do qual um pequeno muro parecido com os tabiques que os pelotiqueiros põem entre si e os espectadores para ocultar-lhes as molas dos bonecos maravilhosos que lhes exibem. 

GLAUCO - Imagino tudo isso. 

SÓCRATES - Supõe ainda homens que passam ao longo deste muro, com figuras e objetos que se
elevam acima dele, figuras de homens e animais de toda a espécie, talhados em pedra ou madeira. Entre os que carregam tais objetos, uns se entretêm em conversa, outros guardam em silêncio. 

GLAUCO - Similar quadro e não menos singulares cativos! 

SÓCRATES - Pois são nossa imagem perfeita. Mas, dize-me: assim colocados, poderão ver de si mesmos e de seus companheiros algo mais que as sombras projetadas, à claridade do fogo, na parede que lhes fica fronteira? 

GLAUCO - Não, uma vez que são forçados a ter imóveis a cabeça durante toda a vida. 
 
SÓCRATES - E dos objetos que lhes ficam por detrás, poderão ver outra coisa que não as sombras? 

GLAUCO - Não. 

SÓCRATES - Ora, supondo-se que pudessem conversar, não te parece que, ao falar das sombras que vêem, lhes dariam os nomes que elas representam? 

GLAUCO - Sem dúvida. 

SÓRATES - E, se, no fundo da caverna, um eco lhes repetisse as palavras dos que passam, não julgariam certo que os sons fossem articulados pelas sombras dos objetos? 

GLAUCO - Claro que sim. 

SÓCRATES - Em suma, não creriam que houvesse nada de real e verdadeiro fora das figuras que desfilaram. 

GLAUCO - Necessariamente. 

SÓCRATES - Vejamos agora o que aconteceria, se se livrassem a um tempo das cadeias e do erro em que laboravam. Imaginemos um destes cativos desatado, obrigado a levantar-se de repente, a volver a cabeça, a andar, a olhar firmemente para a luz. Não poderia fazer tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa, o deslumbraria, impedindo-lhe de discernir os objetos cuja sombra antes via.
Que te parece agora que ele responderia a quem lhe dissesse que até então só havia visto fantasmas, porém que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, via com mais perfeição? Supõe agora que, apontando-lhe alguém as figuras que lhe desfilavam ante os olhos, o obrigasse a dizer o
que eram. Não te parece que, na sua grande confusão, se persuadiria de que o que antes via era mais real e verdadeiro que os objetos ora contemplados? 

GLAUCO - Sem dúvida nenhuma. 

SÓCRATES - Obrigado a fitar o fogo, não desviaria os olhos doloridos para as sombras que poderia ver sem dor? Não as consideraria realmente mais visíveis que os objetos ora mostrados? 

GLAUCO - Certamente. 

SÓCRATES - Se o tirassem depois dali, fazendo-o subir pelo caminho áspero e escarpado, para só o liberar quando estivesse lá fora, à plena luz do sol, não é de crer que daria gritos lamentosos e brados de cólera? Chegando à luz do dia, olhos deslumbrados pelo esplendor ambiente, ser-lhe ia possível discernir os objetos que o comum dos homens tem por serem reais? 

GLAUCO - A princípio nada veria. 

SÓCRATES - Precisaria de algum tempo para se afazer à claridade da região superior. Primeiramente, só discerniria bem as sombras, depois, as imagens dos homens e outros seres refletidos nas águas; finalmente erguendo os olhos para a lua e as estrelas, contemplaria mais facilmente os astros da noite que o pleno resplendor do dia.

GLAUCO - Não há dúvida. 

SÓCRATES - Mas, ao cabo de tudo, estaria, decerto, em estado de ver o próprio sol, primeiro refletido na água e nos outros objetos, depois visto em si mesmo e no seu próprio lugar, tal qual é. 

GLAUCO - Fora de dúvida. 

SÓCRATES - Refletindo depois sobre a natureza deste astro, compreenderia que é o que produz as estações e o ano, o que tudo governa no mundo visível e, de certo modo, a causa de tudo o que ele e seus companheiros viam na caverna.

GLAUCO - É claro que gradualmente chegaria a todas essas conclusões. 

SÓCRATES - Recordando-se então de sua primeira morada, de seus companheiros de escravidão e da idéia que lá se tinha da sabedoria, não se daria os parabéns pela mudança sofrida, lamentando ao mesmo tempo a sorte dos que lá ficaram?
GLAUCO - Evidentemente. 

SÓCRATES - Se na caverna houvesse elogios, honras e recompensas para quem melhor e mais prontamente distinguisse a sombra dos objetos, que se recordasse com mais precisão dos que precediam, seguiam ou marchavam juntos, sendo, por isso mesmo, o mais hábil em lhes predizer a aparição, cuidas que o homem de que falamos tivesse inveja dos que no cativeiro eram os mais poderosos e honrados? Não preferiria mil vezes, como o herói de Homero, levar a vida de um pobre lavrador e sofrer tudo no mundo a voltar às primeiras ilusões e viver a vida que antes vivia? 

GLAUCO - Não há dúvida de que suportaria toda a espécie de sofrimentos de preferência a viver da maneira antiga. 

SÓCRATES - Atenção ainda para este ponto. Supõe que nosso homem volte ainda para a caverna e vá assentar-se em seu primitivo lugar. Nesta passagem súbita da pura luz à obscuridade, não lhe ficariam os olhos como submersos em trevas? 
 
GLAUCO - Certamente. 

SÓCRATES - Se, enquanto tivesse a vista confusa -- porque bastante tempo se passaria antes que os olhos se afizessem de novo à obscuridade -- tivesse ele de dar opinião sobre as sombras e a este respeito entrasse em discussão com os companheiros ainda presos em cadeias, não é certo que os faria rir? Não lhe diriam que, por ter subido à região superior, cegara, que não valera a pena o esforço, e que assim, se alguém quisesse fazer com eles o mesmo e dar-lhes a liberdade, mereceria ser agarrado e morto? 

GLAUCO - Por certo que o fariam. 

SÓCRATES - Pois agora, meu caro GLAUCO, é só aplicar com toda a exatidão esta imagem da caverna a tudo o que antes havíamos dito. O antro subterrâneo é o mundo visível. O fogo que o ilumina é a luz do sol. O cativo que sobe à região superior e a contempla é a alma que se eleva ao mundo inteligível. Ou, antes, já que o querer saber, é este, pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é verdadeiro. Quanto à mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nos extremos limites do mundo inteligível está a idéia do bem, a qual só com muito esforço se pode conhecer, mas que, conhecida, se impõe à razão como causa universal de tudo o que é belo e bom, criadora da luz e do sol no mundo visível, autora da inteligência e da verdade no mundo invisível, e sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos fixos para agir com sabedoria nos negócios particulares e públicos. 

"A República"

domingo, 29 de maio de 2011

A BÍBLIA É MAIS SÁBIA QUE A CIÊNCIA!

”Mas a Bíblia foi escrita milhares de anos atrás. E nós estamos quase entrando no século 21! Temos visto o homem ir à lua. Temos visto a humanidade dar grandes passos na conquista dos mistérios mais escondidos do universo".

ESTOU ALEGRE QUE VOCÊ PERGUNTOU... Lucas 17:30-34 "Assim será NO DIA em que o Filho do homem se há de manifestar... NAQUELE DIA... vos digo, NAQUELA NOITE..."

Ninguém nos dias de Lucas pensou que poderia existir dia e noite ao mesmo tempo! Eles pensavam que a terra era plana! Lucas foi escrito em torno do ano 65 d.C.Como sabia Lucas de algo que os cientistas não souberam até o século 16?

Isaías 40:22 "Ele é o que está assentado sobre o GLOBO DA TERRA”.Como, no ano 700 a.C., sabia Isaías que a terra era redonda? Os cientistas dos dias de Isaías pensavam que a terra era plana.

Não descobriram que a terra era redonda até o princípio dos anos 1500, quando Magalhães navegou ao redor do mundo.Como é que Isaías sabia de algo mais de 2000 anos antes da ciência?

Jó 26:7 "... e suspende a terra sobre O NADA”. Durante o tempo de Jó, era crido que um deus chamado Atlas sustentava a terra sobre os seus ombros!Ninguém acreditava que a terra “pairava suspensa sobre o NADA!” Jó é o mais antigo livro na Bíblia!

Foi escrito há mais de 3500 anos atrás!Como é que Jó soube de algo que era IMPOSSÍVEL saber durante os seus dias?

Gênesis 2:7 "E formou o SENHOR Deus o homem do PÓ DA TERRA, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”. Seguramente, você não toma Gênesis seriamente. Toma?

Em novembro 1982, Seleções do Reader's Digest incluiu um artigo com o título “Como a Vida na Terra Começou”

Este artigo declarou que, de acordo com cientistas no Centro de Pesquisa da NASA em Ames, os ingredientes necessários para formar um ser humano podem ser encontrados NO BARRO.

O artigo disse, ainda, “O cenário descrito pela Bíblia quanto à criação da vida vem a ser NÃO MUITO DISTANTE DO ALVO”. (Seleções do Reader’s Digest, novembro de 1982, p. 116).

Não, a Bíblia “não passou não muito distante do alvo” – ela atingiu exatamente o alvo!

Os cientistas têm rido da possibilidade de Gênesis ter qualquer credibilidade científica, todavia –quanto mais aprendemos, mais descobrimos que a Bíblia é CIENTIFICAMENTE EXATA!

Salmo 8:8 "... tudo o que passa pelas VEREDAS DOS MARES”. Depois de ler Salmo 8:8, Matthew Maury, um oficial da Marinha dos Estados Unidos da América, lançou-se ao empreendimento de localizar estes curiosos “caminhos nos mares”.

Descobriu que os oceanos têm caminhos que fluem através deles. Maury se tornou conhecido como o “descobridor das correntes marítimas”.

Como é que Davi (o escritor do Salmo 8) soube, há mais de 2000 anos atrás, que havia “caminhos nos mares”?

Davi, provavelmente, nunca sequer viu um oceano! COMO É QUE ELE SOUBE?

Eclesiastes 1:7 "Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr."

Como é que o escritor de Eclesiastes sabia do ciclo de condensação e evaporação da água?

O sol evapora a água do oceano, o vapor da água sobe e se transforma em nuvens, a água nas nuvens cai de volta para a terra como chuva, se ajunta formando rios, e estes correm de volta ao oceano.Isto não foi conhecido até ser descoberto por Galileu, em 1630! Como é que o escritor de Eclesiastes soube disto no ano 1000 a.C., 2500 ANOS ANTES QUE A CIÊNCIA?!

Levítico 15:13 "Quando, pois, o que tem o fluxo, estiver limpo do seu fluxo, contar-se-ão sete dias para a sua purificação, e lavará as suas roupas, e banhará a sua carne em ÁGUAS CORRENTES; e será limpo”.

Deus disse para lavar a carne infectada em ÁGUA CORRENTE. A ciência não descobriu aquilo até surgirem dois homens chamados Pasteur e Koch, nos anos finais dos anos 1800.

Todos os médicos de um hospital lavavam suas mãos em uma mesma bacia de água, dia após dia, e disseminavam os germes com a velocidade, facilidade e mortandade com que fogo se espalha num capinzal seco.

A CIÊNCIA FICOU CERCA DE 3000 ANOS ATRASADA! Não é embaraçoso quando a ciência sempre se atrasa cerca de 2000 anos atrás daquele Livro tão maravilhoso?!

Jó 38:19 "Onde está O CAMINHO onde mora a luz?E, quanto às trevas, onde está o seu lugar”.

Como é que Jó não disse onde É O LUGAR aonde a luz mora?Porque a luz está sempre se movendo.Como é que Jó soube de algo no ano 1500 a.C. que a ciência não descobriu até Einstein?

Eclesiastes 1:6 "O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta FAZENDO OS SEUS CIRCUITOS”. Como é que o escritor de Eclesiastes soube que o vento viaja formando circuitos? Como é que o escritor soube de algo que os aerologistas e os meteorologistas descobriram há tão pouco tempo?PENSE A RESPEITO DISSO!

Como podem estes homens, com o limitado conhecimento científico da época deles, milhares de anos atrás, estar tão adiantados com relação à ciência?

Provérbios 6:6-8 "Vai ter com a formiga... na sega ajunta o seu mantimento..." Life’s Nature Library,em “Os Insetos” (p. 163), comentando sobre Provérbios 6, "Um dos enigmas entomológicos do último século" diz respeito a esta observação por Salomão.

Não havia nenhuma evidência de que formigas, realmente, faziam colheitas de grãos. Em 1871, entretanto, um naturalista britânico mostrou que Salomão, afinal de contas, tinha estado certo..." Como Salomão soube aquilo no ano 1000 a.C.? Como Salomão, claramente, detalhou um FATO científico que era IMPOSSÍVEL que ele o soubesse no ano 1000 a.C.?

Provérbios 17:22 "O coração alegre é como o BOM REMÉDIO..."

Um artigo no The Birmingham News,intitulado “Rir: Receita para Saúde”, disse que as mais RECENTES evidências médicas revelam que “A algum ponto durante o riso, seu corpo recebe UM MEDICAMENTO PRESCRITO,vindo da farmácia que está no seu cérebro”.

Levítico 17:11 "Porque a vida da carne está no sangue..."Esta é a mais acurada declaração científica,jamais feita,a respeito do sangue!

É o sangue que dá continuidade a todos os processos da vida,no corpo.

É o sangue que causa o crescimento,constrói novas células, faz crescer o osso e a carne, armazena gordura, faz cabelo e unhas.
É o sangue que alimenta e sustenta todos os órgãos do corpo.

É o sangue que repara o corpo.Que cicatriza as feridas, que faz crescer nova carne, nova pele e mesmo novos nervos.
É o sangue que combate às doenças. Quando uma vacina contra uma doença lhe é dada, aplica-se uma injeção na sua corrente sanguínea.

Por milhares de anos,os médicos tratavam as pessoas com uma prática chamada de “sangria”.Pensavam que doenças poderiam ser curadas através da extração de sangue.Em 1799, menos de 200 anos atrás, George Washington foi, literalmente,sangrado até à morte.

Os médicos sangraram o pobre George quatro vezes, da última vez tiraram mais de um litro de seu sangue!Eles não sabiam, mas estavam, literalmente,retirando a vida de George quando estavam extraindo o seu sangue.

Não foi senão no início dos anos 1900 que um homem chamado Dr. Lister descobriu que o sangue provê o sistema imunológico aos corpos – A VIDA DA CARNE ESTÁ NO SANGUE! The Birmingham Post Herald,de 26 de fevereiro de 1988, contou a história de Mike Thomas. Ele estava trabalhando em um canteiro de construção civil, quando caiu de uma altura de 21 m.

Enquanto caía, um cabo de aço se enrolou ao redor do seu braço e cortou-lhe fora a mão, poucas polegadas acima do pulso. Um colega de trabalho carregou para o hospital a mão que tinha sido separada do corpo.

Por causa dos sérios ferimentos internos de Thomas, os médicos não puderam re-implantar sua mão naquele tempo. Ao invés disso, ligaram sua mão a vasos sanguíneos da parede do seu abdômen, para que pudessem “conservá-la viva”.

Dois meses depois, os médicos removeram a mão do abdômen e a recolocaram de volta no braço de Thomas. De acordo com o relatório, UAB foi a primeira entidade médica da nação a realizar tal façanha!Exatamente o que a Bíblia disse em 1490 a.C.!Continue alimentando aquela mão com sangue e ela continuará viva – A VIDA DA CARNE ESTÁ NO SANGUE!Você não acha isto estranho?Aquilo que Moisés escreveu no ano 1490 a.C.,somente agora foi descoberto pelas mais brilhantes mentes que o homem pode produzir!

Como pode aquele Livro maravilhoso, escrito milhares de anos atrás e por homens com conhecimento científico muito limitado, estar tão à frente do melhor que a humanidade pode produzir em 6000 anos?

Para compreender quão maravilhoso aquele Livro é,compare o que os cientistas ensinavam quando ele foi escrito.Eles criam que os raios fossem projéteis lançados pelos deuses.

O Vedas (livro sagrado hindu) ensinava que,para conseguir chuva,bastava se amarrar à uma árvore um sapo de boca aberta e repetir algumas palavras mágicas - e presto - chuva!

Os egípcios acreditavam que estrelas eram as almas dos mortos que agora tinham se transformado em deuses.Os gregos acreditavam que um deus chamado Atlas "sustentava a terra sobre seus ombros".

Alguns ensinavam que a terra repousava sobre as costas de vários elefantes grandes(muito grandes!).E os elefantes estavam apoiados sobre as costas de uma tartaruga grande(muito, muito grande!)

E a tartaruga?Estava apoiada sobre uma cobra grande(muito, muito, muito grande!)
E a cobra?Bem, você já tem a idéia.

Mas aquele Livro maravilhoso não contém nada tão tolo!Apesar do que era ensinado e crido [pelos cientistas] durante os dias dos escritores! Aquele Livro maravilhoso diz: “E Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios...” (Ato 7:22)

Todavia “a mitologia e as superstições” do Egito de modo algum estão em nenhum dos livros escritos por Moisés!

De fato, depois de 6000 anos de “descobertas e avanços” – aquele Livro maravilhoso pode se erguer ao lado dos mais avançados livros disponíveis na medicina, na ciência e na história!

Um assunto que separa aquele Livro maravilhoso de qualquer outro livro é profecia.Nenhum outro livro prevê o futuro como este faz.Suas profecias são absolutamente precisas.

Muitas vezes elas foram dadas centenas e até mesmo milhares de anos antes dos acontecimentos. E, sem exceção,Elas foram cumpridas – até seus menores detalhes!

Existem mais de 300 profecias cumpridas na pessoa de Jesus Cristo. Aquele Livro maravilhoso tem muitas profecias que foram escritas milhares de anos antes de Jesus ter nascido!

Profecias exatas e detalhadas tais como: onde Ele nasceria(Miquéias 5:2),como Ele nasceria(Isaías 7:14),como Ele morreria(Salmos 34:20),etc.

E a história tem PROVADO,sem NENHUMA sombra de dúvida,que elas foram cumpridas EXATAMENTE como aquele Livro maravilhoso tinha profetizado,centenas de anos antes!

No livro Science Speaks,o matemático e cientista Peter Stoner aplica as regras de probabilidade a estas profecias.A probabilidade de somente oito dessas trezentas profecias terem sido cumpridas por acaso é uma em 10 17 – que é 1 em 100.000.000.000.000.000